quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Águas de Umbanda




Água na Mitologia Grega

A água é um elemento fundamental na cosmogonia, a origem do mundo para a mitologia grega. A água, hídros, aparece para salvar a Terra, Gaia, que estava sendo queimada por Piros, o fogo.
Essa entidade, Hídros/água, passa a fazer parte do mundo olímpico de Zeus e dos deuses do Olimpo. O senhor das águas era o deus Poseidon, o senhor dos mares e também dos rios.
Embora Poseidon fosse o senhor das águas, ele não exercita sobre ela plenos poderes, porque a água é um elemento primordial, que veio antes mesmo de o deus existir.
A água é muito presente na mitologia grega, representando a continuidade, a fertilidadee a proteção materna.
Ela sempre é habitada ou transformada. O rio Serifo, por exemplo, personaliza-se, ele toma forma de homem e deita-se com as ninfas. Mito muito semelhante a lenda do boto cor-de-rosa na mitologia amazônica, só que aqui no Brasil fala-se do boto como um peixe das águas que vira homem e deita-se com as mulheres à noite.
Na mitologia grega, os rios são seres masculinos e cada rio é um homem.
A parte feminina, por exemplo, as ninfas, podiam ficar grávidas e ter muitos filhos ao banhar-se no rio. Os filhos da água na mitologia são incontáveis, são cinqüenta, cem filhos num único parto! Esse exagero é exatamente para mostrar a fertilidade da água e sua importância no mundo antigo.
No entanto, os gregos davam aos rios uma importância menor que os egípcios, pois os rios da Grécia são pequenos. Já para os egípcios o magnífico rio Nilo é o deus pai dos rios, pois era de seus recursos que a população subsistia.
Na mitologia grega, o mar era muito importante e vários personagens habitavam-no como a deusa Tétis, as sereias as pléiades, que eram filhas de Poseidon, as nereides, que são outras divindades aquáticas, todas mulheres.
A água servia para a purificação, depois de guerras, lutas e mortes injustas. Os gregos se banhavam num rio para se purificar de algum ato vil que cometessem. Eles desenhavam o mar em forma de serpente que, muitas vezes, representa a mutação das águas. Para a cultura grega, a água sempre foi muito importante, um elemento fortíssimo, venerado e respeitado.



Quando os olhos se perdem na imensidão do mar, é possível ter uma idéia do volume de água que nos cerca. Dois terços do planeta são cobertos por esse fluido do qual depende a evolução de todos os organismos vivos. Nos oceanos, rios, pólos ou no interior das rochas, são 264 milhões de km3 desse líquido essencial, perpetuado pela humanidade como símbolo sagrado de pureza e prosperidade. 

No batismo da Igreja Católica, na sabedoria popular das benzedeiras, nas fontes sagradas da cultura islâmica ou na astrologia, a água é fundamental para a purificação e o conforto do corpo, da alma e dos ambientes. 

Rebeldia em movimento 
Rio, cachoeira, mar, chuva, neblina, vapor, granizo, neve, gelo. Essas são manifestações da água, e uma, em especial, nos saúda com sete cores: quando os raios do Sol atravessam as nuvens carregadas, surge o arco-íris. Diz-se que quem tem a sorte de vê-lo pode fazer um pedido, que será atendido pelos céus. 
Dinâmica por natureza, está em constante movimento e guarda em si poderes fundamentais. O primeiro deles: é capaz de se autopurificar: "A água circula continuamente no planeta. Oceanos, rios e até lagos plácidos recebem calor e não escapam do processo de evaporação. A água, condensada, vira nuvem e precipita-se de volta a terra em forma de chuva. Nesse ciclo de destilação natural, todas as impurezas são liberadas. A chuva purifica o ar e fertiliza a terra
Poderosa e rebelde por excelência, escapa das nossas mãos e pode mostrar sua fúria em dilúvios, enchentes e maremotos. Ainda, ela não se submete aos outros elementos naturais: Além de apagar o fogo, na presença de calor transforma-se em vapor e a baixas temperaturas vira gelo. O próprio fato de ser líquida e manter sua constituição molecular contraria as leis da física e da química, mas essa rebeldia teve resultado feliz: "A água permitiu o desenvolvimento da única forma de vida compatível com as características do planeta Terra. Foi no meio aquático, formando imensas superfícies líquidas (...), que surgiram as primeiras formas vivas". 

Ventre materno e paraíso 
Toda a vida na Terra nasceu do mar, que é o ventre fecundo da Grande Deusa. Todos nós viemos das entranhas das águas. Essa linda imagem pertence a um dos mitos de criação da era pré-cristã, e na verdade, antes de pisarmos na terra passamos nove deliciosos meses em meio líquido, protegidos no ventre materno. 
Nem mesmo nascendo e vivendo fora dessa primeira casa aquática deixamos de ser água: 77% de um bebê é pura água. E dois terços do corpo adulto são compostos de líquidos: lágrima, sangue, suor, urina e outros fluidos, responsáveis pela purificação das toxinas e absorção de nutrientes dos alimentos pelo organismo. 
Essa origem líquida ancestral tem a ver com a sensação de relaxamento e conforto que a água provoca nos humanos. E também explica por que tanta gente sente atração por fontes e prefere descansar numa praia, perto de rios, lagos ou cachoeiras: "O som das ondas batendo na areia ou de uma queda d’água é sempre repousante e pacificador. Sem contar que o contato com a água – meio em que o corpo não briga com a lei da gravidade, flutua, sem peso – remete à sensação protetora de estar de novo no útero materno, em perfeita harmonia". 

Universo de emoções 
Desde tempos remotos, a água é associada às emoções, ao mundo inconsciente, a tudo que acontece nas profundezas da alma. À astrologia coube tecer as relações entre os elementos da natureza e a personalidade: "São três os signos de água: Câncer, regido pela Lua, representa a água do lago, calma, plácida, acolhedora; Escorpião, dominado pelo planeta Plutão, diz das águas dos rios com correnteza subterrânea; e Peixes, sob os domínios do planeta Netuno (deus das profundezas dos mares, na mitologia grega), abrange as grandes águas, as emoções coletivas". 
Especialmente, os nativos de Câncer são ligados a casa e às forças lunares: "Apesar de a Lua não ser aquática, tem o poder de mexer com o fluxo das marés, com a cheia ou a vazante dos rios. Os pescadores prestam muita atenção nas fases lunares, pois delas depende a sua sobrevivência. Além disso, mexe com os ciclos de menstruação e gestação. Todos fenômenos femininos e líquidos". 

A Água na alma da casa 
A habitação é um ser vivo, capaz de refletir as emoções de seus moradores, principalmente se neles predominar o elemento água: "Essas pessoas gostam de cuidar das pequenas coisas do cotidiano, e seus lares sempre inspiram afeto. Têm prazer em cozinhar, lavar, limpar, tomar banho, regar plantas, alimentar animais e pássaros. Mas nem por isso deixam tudo superarrumado. Com predomínio da água no temperamento dos habitantes, o caos e a desorganização imperam". 
A água que habita a alma da moradia se expressa também na composição dos ambientes. Móveis arredondados e tons pastel, banheiros espaçosos e bem cuidados, sauna, piscina são índices de que se trata de uma "casa aguada". Quadros impressionistas com formas pouco definidas, música suave, vasos com flores, conchas, aquários, motivos marinhos, fontes, fotos de família, objetos de valor afetivo nos remetem à simbologia da água, provocando sensações de tranqüilidade, limpeza, frescor e aconchego. 

Elemento sagrado 
A água tem o poder de purificar o espírito e conduzir à graça. Da antiga religião hindu até a simplicidade das boas benzedeiras da cultura popular brasileira, ela merece reverência: afasta o mau-olhado, protege do pecado, traz alívio para o que aflige a alma. 
Assim como Jesus Cristo foi batizado por são João Batista, mergulhando a cabeça nas águas do Rio Jordão, milhares de igrejas no mundo repetem esse ritual: "No cristianismo, a água tem dupla função. No ritual de batismo ela livra o fiel do pecado original, devolve a pureza e concede vida nova, para que se possa seguir no caminho do bem". Já a água benta, misturada com um pouco de sal e rezada pelo padre, é usada para benzer casas e carros e, além de purificar, tem outras duas funções importantes: "Faz com que a pessoa tome gosto pela vida e protege o local contra todo o mal". 

Reverência molhada 
No Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos seguidores do profeta Maomé, a água tem destaque em rituais e na arquitetura: "Na entrada das mesquitas há sempre um tanque de água, pois todo muçulmano praticante faz cinco orações diárias e, antes de cada uma delas, realiza a ablução, uma purificação prática e simbólica. Lavam-se mãos, braços, rosto, cabelos, nuca, orelhas e, no final, pés. O gesto é repetido três vezes". 
Na arquitetura árabe, seja em pequenas ou seja em grandes construções, no centro do pátio interno existe sempre uma fonte, simbolizando a origem e o centro da vida: "A cuba costuma ter forma circular e fica apoiada sobre uma base de oito lados. Na geometria sagrada, essa sobreposição representa a união do céu com a terra" 

Rio da graça 
O mais sagrado dos rios é o Ganges, que corta o nordeste da Índia. Suas águas matam a sede e banham a população ribeirinha, lavam as roupas, dissipam as cinzas dos mortos cremados, perpetuando a tradição hindu e, sobretudo, servem para redimir os pecados. Na edição inglesa do livro Mirror of Intellect – Essays on Traditional Science and Sacred Art, o filósofo suiço-alemão Titus Burckhardt (1908-1984) desvenda poeticamente o que acontece nesse rio: "Aquele que, contrito, banha-se nas águas do Ganges é liberto de todos os seus pecados: a purificação interna encontra aqui seu porte simbólico na purificação externa que vem da água do rio sagrado. (...) Aqui, como ritos similares em outros povos e religiões, a correspondência entre a água e a alma ajuda a última a se purificar ou, mais exatamente, a reencontrar sua – originalmente pura – essência. Nesse processo, o símbolo prepara o caminho para a graça..." 



Águas da Umbanda



Sua utilidade é variada. Serve para os banhos de amacis, para cozinhar, para lavar as guias, para descarregar os maus fluídos, para o batismo. Dependendo de sua procedência (mares, rios, chuvas e poços), terá um emprego diferente nas obrigações.

A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do seu emprego.

A Água é um fator preponderante na Umbanda. Ela mata, cura, pune, redime, enfim ela acha-se presente em todas as ações e reações no orbe terráqueo, basta exemplificar com as lágrimas, que são água demonstrando o sentimento, quer seja positivo ou negativo.

Sabemos que três quartas partes do globo, do planeta que habitamos, são cobertas por água; 86,9% do corpo humano é composto de água ou carboidratos; mais ou menos 70% de tudo que existe na Terra leva água, tornando-se desta forma o fator predominante da vida no Planeta. Por esta razão, ela é utilizada na Quartinha, no copo de firmeza de Anjo de Guarda.

Ás vezes, um guia indica: Coloque um copo com água do mar ou água com sal atrás da porta.





Qual é o porquê disto?





Por que a água tem o poder de absorver, acumular ou descarregar qualquer vibração, seja benéfica ou maléfica. Nunca se deve encher de água, o copo até a boca, porque ela crepitará. Ao rezar-se uma pessoa com um copo de água, todo o malefício, toda a vibração negativa dela passará para a água do copo, tornando-a embaciada; caso não haja mal algum, a água ficará fluidificada. Nunca se deve acender vela para o Anjo da Guarda, para cruzar o terreiro, para jogar búzios, enfim, sem ter um copo de água do lado. A água que se apanha na cachoeira, é água batida nas pedras, nas quais vibra, crepita e livra-se de todas as impurezas, assim como a água do mar, batida contra as rochas e as areias da praia, também acontece o mesmo, por isso nunca se apanha água do mar quando o mesmo está sem ondas.

A água da chuva, quando cai é benéfica, pura, porém, depois de cair no chão, torna-se pesada, pois atrai à si as vibrações negativas do local.

Por esse motivo nunca se deve pisar em bueiros das ruas, porque as águas da chuva, passando pelos trabalhos nas encruzilhadas, carregam para os bueiros toda a carga e a vibração dos trabalhos; convém notar que os bueiros mais próximos da encruzilhada são os mais pesados, porém não isenta de carga, embora menos intensa, os demais bueiros da rua.

A importância da água pode ser traduzida numa única palavra: ”VIDA!”

Sem água (COABA) a vida é impossível.

A Água está presente em praticamente todos os trabalhos de Umbanda, e sua função é importantíssima.

Por seu poder de propiciar vida ela atrai a vida à sua volta, seja material ou Espiritual.

As águas utilizadas para descarrego, têm funcionamento parecido com a fumaça, sendo que a fumaça carrega as energias consigo similar ao vento, e a água absorve estas energias.

As águas em copos nas obrigações significam energia vital, e nos copos junto às velas de Anjo da Guarda ou atrás das portas de entrada, têm a finalidade de atrair para si as energias que por ali passam, atraídas pela Luz ou passando pela porta.

Os copos de água utilizados para estes fins (Anjo de Guarda ou atrás das portas) devem ser descarregadas pelo menos de 7 em 7 dias, pois senão ficarão saturadas e perderão seu poder de absorção. Esta descarga deve ser feita em água corrente (na pia com a bica aberta, por exemplo), pois simboliza movimento, necessário para transportar as energias absorvidas por ela.

Conhecemos e fazemos uso em rituais de água de procedência de dez campos sagrados.

Rocha Água detida em saliências nas rochas. Ligada a Xangô - entre suas funções, traz força física, disposição, boa-vontade, sabedoria.

Mar Ligada a Iemanjá - imã de energias negativas, anti-séptico e cicatrizante, fertilidade, calma.

Mina Ligada a Oxum e Nanã - força, vitalidade - é a mais indicada para se utilizar nas quartinhas e em assentamentos de anjo-de-guarda.

Mar Doce Encontro de rio e mar. Ligada a Ewá - trato do corpo sentimental, humor, bom senso e independência.

Chuva Ligada a Nana e Iansã - excelente função de limpeza e descarrego.

Cachoeira Ligada a Oxum e Xangô - sentimentos, afeto, força de pensamente, alegria, jovialidade.

Rio Ligada a Oxum (na correnteza) e a Obá (nas margens) - determinação, bons pensamentos.

Poço Ligada a Nanã - resistência, sabedoria.

Lagos e Lagoas Ligada a Oxumarê - inventividade, imaginação.

Orvalho Recolhido das folhas, ao alvorecer do dia. - Ligado a Oxalá - calma, paciência, fecundidade.



Todas podem ser utilizadas em banhos, assim além de portadoras de seus próprios axés, serve de veículo para o axé dos demais componentes do banho.

Em especial, a mayonga é feita usando-se sete destas águas, dependendo do Orixá da Iaô, e no assentamento de Oxalá da casa, enche-se o pote (quartilhão, porrão...) com todas as dez águas citadas.

Estas águas devem preferencialmente ser recolhidas e armazenadas, utilizando-se potes de louça branca virgem, e só utilizadas para esse fim, por filhos de Oxalá ou Iabás.

Algumas águas não podem e não devem ser armazenadas por muito tempo, "água parada apodrece”.

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